texto de autoria de Paramahansa Yogananda
O almíscar é uma substância valiosa, extremamente aromática, contida numa bolsa sob a pele do abdome do almiscareiro macho, que habita os elevados picos dos Himalaias. Quando o almiscareiro alcança certa idade, o odor penetrante do almíscar começa a exsudar dessa bolsa. O almiscareiro fica excitado pelo aroma delicioso e pula para lá e para cá, farejando sob as árvores e furnas, buscando em toda a parte - às vezes por muitas semanas - , procurando a fonte da persistente fragrância. Incapaz de localizar o perfume tantalizante, ele se torna extremamente inquieto e, em seguida, irritado. Em sua agitação e num esforço último e desesperado de encontrar a fonte da essência enlouquecedora, sabe-se de casos em que o almiscareiro salta dos altos picos alcantilados e cai para a morte no vale que se estende abaixo. Os caçadores, achando os cadáveres, cortam a almejada bolsa do almíscar.
Um bardo iluminado cantou certa vez: "Ó tolo almiscareiro: buscaste a fragrância em toda a parte, exceto em seu próprio corpo. Eis porque não a encontraste. Se pelo menos tivesses voltado tua busca para ti mesmo, terias encontrado o almíscar almejado e terias salvo a ti mesmo da morte sobre as rochas abaixo das montanhas".
A maior parte das pessoas se comporta como o almiscareiro. Buscam a felicidade elusiva, sempre fragrante, por toda a parte, fora delas próprias. E quando, finalmente, não podem achar a verdadeira felicidade, cuja fonte jaz oculta nos recônditos secretos de suas próprias almas, pulam dos picos alcantilados das esperanças elevadas e se despedaçam nas pedras da desilusão.
Ó tolo almiscareiro humano, se pelo menos voltasses tua mente para dentro, na meditação diária profunda, acharias a fonte de toda verdadeira e duradoura felicidade no silêncio mais recôndito de tua própria alma. Bem-amado que estás a procura da felicidade: não sejas como o almiscareiro, perecendo na vã busca exterior: Desperta! E, na caverna da meditação profunda, encontra a felicidade eterna dentro de teu imortal Ser."
. . . . . . .
Recebi hoje esse texto, de meu grande amigo Sergio Covas, com a seguinte nota:
... Julguei esse texto de uma pertinência incrível à condição humana atual! Uma inspirada analogia...
Seguramente a analogia a que ele se refere, é a um texto de Santiago Bovísio que num de seus primeiros cursos já ensinava:
..."Por isso, durante a última década, fez-se sentir entre os seres humanos um estremecimento de espiritualidade, de desejo de conhecimento suprafísico. Muitos seres investigaram ansiosamente nos livros, buscaram mestres e procuraram divisar a luz detrás dos véus religiosos e dos símbolos iniciáticos. Como era de se esperar, muitas escórias se formaram em torno destes anseios e ultimamente este tema chegou a ser como que uma enfermidade psíquica de moda. Tal estado de coisas tem levado muitos ao erro, à desorientação e ao desengano. Mas não se deve culpar ninguém pelo ocorrido, pois é defeito da pobre mente humana gastar suas energias na busca de novas sensações no exterior enquanto se recusa a realizar a obra espiritual com seus próprios meios, introspectivamente.
Corre a mente do ser humano atrás do filão de ouro que outro diz haver descoberto e gasta suas reservas vitais na saltitante busca; tropeça, incauta, em ilusórias armadilhas e se recusa obstinadamente a cavar na horta de sua casa"...
Ensinamentos do Mestre - Desenvolvimento Espiritual - www.santiagoboviso.org
Obrigado Covas, por compartilhar com seus amigos texto tão incrível e pertinente.