quarta-feira, 16 de outubro de 2013

ALÉM DOS PRECONCEITOS





DE UM MESTRE ESPIRITUAL:

Eu nunca serei capaz de conhecer minhas reais possibilidades até que eu veja através do limite dos meus preconceitos sobre o que sou, e o que eu posso aperfeiçoar.

Durante o curso de minha vida, tenho formado uma visão das coisas, dos outros e de mim mesmo. Desde que esta visão é tão intima, parece para mim a mais lógica e sensível, se não a única e correta. Desta forma eu equacionei "preconceitos" com certas idéias preconcebidas; haveriam certas pessoas que veriam diferente de mim, inexperiente ou singular.

Eu não compreendo que a atitude que dá origem a determinadas idéias sobre outras pessoas é a mesma que cria preconceitos, que tolda a visão de mim mesmo e da realidade em geral.

Os meus preconceitos sobre outras pessoas impedem-me de conhece-las e ter um relacionamento harmonioso com elas; preconceitos são também o que bloqueia o meu desenvolvimento e não permitem-me ampliar minha visão da vida e do mundo. Eu tenho preconceitos sempre que troco a verdade pela minha opinião.

Eu facilmente noto os preconceitos de outras pessoas, mas é doloroso descobrir e aceitar que eu também tenho preconceitos. Vejo preconceitos nos outros, todo o tempo, mas é surpreendentemente desagradável quando alguém aponta os meus. Estou habituado a pensar que minhas opiniões refletem a verdade e não uma posição que tomei em favor ou contra alguém.

De fato, tenho sempre feito um esforço para superar minhas preferências de maneira que serei capaz de manter uma visão que é uniforme e justa, contudo minha mente, diz-me que o mundo é diverso e que meu caminho de ser, sentir e pensar é somente um entre vários. Eu não posso deixar de reagir quando vejo pessoas que vivem e pensam diferente do meu caminho. Isto é quase que como se eu percebesse neles um perigo potencial do qual eu tenho que me proteger.

Quando paro e penso sobre a natureza dos preconceitos, descubro que não estou livre deles, até mesmo intelectualmente: "eu aceito a ideia que todo o ser humano merece o mesmo respeito e tem a liberdade de escolher suas crenças e estilos de vida".

Quanto ao conhecimento em geral, minhas opiniões são simplesmente baseadas naquilo que leio, em conversações parciais e esporádicas  experiências, ou idéias que acontecem estar em voga. Eu não acho estranho que embora minhas experiências diretas sejam limitadas, minhas ideias são firmes e sólidas. Talvez isso é porque eu sinta que não posso viver sem a segurança de pensar que o que acredito é exatamente do jeito que eu acredito que é, e assim eu imagino que o que acredito, eu realmente, de fato sei. Em resumo, eu confundo minha presunção com conhecimento, minhas opiniões com julgamentos seguros.

Certamente não será sensato rejeitar todo simples julgamento, porque o julgamento nunca pode ser definitivo, pois preciso de uma base afim de fazer algo na vida. Mas se eu me mantenho ciente que meus julgamentos são necessariamente provisórios, posso manter minha mente aberta para novas concepções, posso aprender continuamente a compreender o meu caminho, e manter minhas opiniões atualizadas.

Vejo que este processo já acontecendo ao meu redor - nas ciências, por exemplo. É extraordinário notar quão rapidamente teorias que eram acreditadas serem firmemente estabelecidas, estarem continuamente descartadas por novas descobertas. Na ordem social, cresce intercomunicação e interdependência entre pessoas, suas economias, suas políticas e até suas ideologias - instigam-nos a aceitar outras culturas, outras opiniões, outras tradições. O mais exato conhecimento dá-nos um amplo alcance. Beligerância transforma-se em tolerância, e a tolerância leva-nos a aceitação, conhecimento, harmonia e integração.

Se desejo desenvolver a capacidade de aprender continuamente, preciso deixar de lado meus preconceitos sobre a realidade. Se quero me revelar completamente como uma pessoa, eu tenho que transcender os preconceitos que tenho sobre mim mesmo. Não é fácil para mim aceitar que tenho preconceitos sobre o que sou. A ideia exata parece inacreditável para mim: Como posso ter preconceitos sobre mim mesmo? Minhas mais bem fundamentadas opiniões são aquelas que se referem à minha pessoa. No final que ou o que eu posso conhecer melhor do que mim mesmo? Nada está mais próximo de mim ou mais continuamente comigo do que eu mesmo. Contudo não me conheço bem, eu não estou falando sobre conhecimento essencial do meu ser - "conhece-te a ti mesmo" - mas sobre o simples conhecimento do meu caminho de ser, reagindo e expressando a mim mesmo. Eu tenho provas dos limites de meu conhecimento próprio a cada momento; os membros de minha família, meus amigos, doutores, professores e conhecidos, conhecem-me de um jeito diferente da maneira que eu me conheço.Eles me conhecem de um jeito que é algumas vezes tão diferente que eu penso que não corresponde com o que eu realmente sou. Eu começo a pensar que os outros não me entendem, que sou diferente do jeito que eles me dizem que sou. Isto é tanto, que desta forma muitos dos conflitos em meu relacionamento com os outros, originam-se na diferença entre a percepção que eles tem de mim e a que eu tenho de mim mesmo. Isto aumenta minhas frustrações, fazendo-me sentir incompreendido ou injustamente tratado.

Meus preconceitos sobre o que posso realizar, impedem-me de distinguir minhas possibilidades, talvez a melhor delas. Em quantas ocasiões meus amigos, professores ou guias tentam persuadir-me a fazer algo, mas falho em alcançar, porque imagino que não posso fazê-lo. Eles vêem em mim, possibilidades que não vejo. É comum aceitar que outros vejam em mim o que não sei como ver ou não sou capaz de reconhecer. Isto se deve ao fato de que o conhecimento que tenho de mim é parcial e incompleto. Contudo, em tal fraco princípio construo ideias firmes sobre como sou, minhas virtudes, meus defeitos, minhas limitações, minhas possibilidades e meus preconceitos sobre o que sou, impedem-me de ver todas as minhas possibilidades.

A mesma coisa frequentemente acontece quando novas pessoas chegam a algum lugar. Os recém chegados não são melhores ou mais capazes daqueles que lá estão. A diferença é que eles vêem naquele lugar possibilidades que aqueles que moram lá não acreditam que têm. Eles podem trazer algo novo porque eles acreditam que podem fazer isto. Isto frequentemente ocorre quando a pessoa imagina estar fazendo algo diferente e decide embarcar num esforço, que outros pesam ser loucura ou absurdo. Como o caso dos descobridores e dos aventureiros que atravessaram oceanos, descobriram terras, rasgaram os céus, imaginaram ser possível sair para o espaço. O que era diferente com eles? Era que suas imaginações foram mais longe que seus preconceitos, o que era considerado normal em seus grupos, eles acreditaram que algo era possível, enquanto aos olhos de todos não era.

Eu frequentemente penso que minhas limitações são exteriores à outras pessoas, o ambiente e circunstâncias são os obstáculos que impedem meu desabrochar. Isto deve ser verdade para uma certa extensão, mas tenho certeza, que nunca serei capaz de conhecer minhas reais possibilidades  até que veja além dos limites de meus preconceitos sobre o que sou e o que posso realizar. Isto refere-se não somente ao meu talento exterior, tal como as coisa materiais e a graduação acadêmica que posso adquirir, mas também à minha vida espiritual. Além do que acredito que sei sobre mim mesmo, além do que os outros acreditam que sabem sobre mim. lá repousa o espaço interior ainda inexplorado por mim, lá repousa as possibilidades espirituais, que somente eu posso descobrir interiormente, tanto quanto eu amo a liberdade espiritual o suficiente para transcender meus próprios preconceitos.  

O meu desejo por liberação espiritual instiga-me a mover-me entusiasticamente para o Divino, e assim, para o grau ao qual eu espiritualmente desabrochei, eu encontro as barreiras que eu mesmo coloquei - sem compreender o que estava fazendo - entre minha alma e o Divino. Estas limitações são fundamentalmente interiores. Elas vem do caminho no qual eu vejo para mim mesmo, e interpreto a vida espiritual, meu desabrochar e a realização do que eu desejo atingir. Para o grau, o qual eu transcendi estes preconceitos, meu relacionamento com outras descobertas, minha visão do mundo e da expansão da vida, estão bem com o caminho no qual eu compreendo a mim mesmo. Principalmente, eu aprofundo o caminho, eu entendo ambos, minha vida espiritual e meu relacionamento com o Divino.

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

AUTO GESTÃO E SUSTENTABILIDADE.



Tanto se fala em auto gestão, em sustentabilidade, etc...mas, se fala, via de regra, em relação às empresas, em relação à sociedade, em relação ao planeta, ou seja, sempre o outro, sempre fora.
Mas, e em relação a nós mesmos?. 
A necessidade de trabalhar sobre nós mesmos, o discernimento do momento que vivenciamos, a profunda reflexão da vida e de nossas circunstâncias, devem vir em primeiro lugar, para que em relação ao restante seja uma realidade evidente, senão, será apenas uma informação e motivos de muitos discursos: palavras ao vento.
Para ajudar nesse trabalho, poderíamos verificar em que medida nos sustentamos com nossas próprias forças e geramos o que necessitamos, ou em contra partida, somos para os outros, para nossa família, para a sociedade uma CARGA:     


              MATERIAL - EMOCIONAL - MENTAL


Para não ser uma carga material, poderíamos pensar:

Se geramos os recursos que usamos;
Se geramos hoje as bases para o futuro;
Se criamos o espaço que ocupamos, sem invadir o dos outros: áreas, coisas, tempo.

Além disso, se geramos recursos, áreas, tempo, para ajudar os outros.

Para não ser uma carga emocional:

Se sublimamos nossas contrariedades em compreensão, fé e tolerância, sem sobrecarregar os outros com nossas afeições;
Se geramos alegria ainda que algo nos aflija;
Se produzimos harmonia, amor e paz no ambiente que nos rodeia.

Para não ser uma carga Mental:

Se compreendemos a natureza de nossas relações como o que temos, com o que experimentamos e se atuamos em consequência;
Se compreendemos que nossas posses e nossas experiências são temporárias e que o único que nos resta é o que aprendemos e se incorporá a nós como a noção que somos em relação com a vida, o mundo e o Divino.
Se transcendo o conceito do "BEM" e do "MAL":
Quando deixo de fazer algo não é porque é "mal", mas porque atrasa meu desenvolvimento ou produz dano;
Quando procuro algo não é porque é "bom", mas porque faz bem, já que produz o meu desenvolvimento.
Ou seja, uso a minha inteligência a meu favor.

Fazendo assim, estamos iniciando o caminho da Auto Gestão e da Sustentabilidade de nós mesmos e gerando muitos recursos para todos os outros.


Ensinamentos de CAFH - Um Caminho de Desenvolvimento Espiritual.




quarta-feira, 2 de outubro de 2013

VIDA ESPIRITUAL



Uns chamam vida espiritual aderir a um dogma e praticar os ritos de sua fé.
Outros chamam vida espiritual trocar seus dogmas e ritos por outros dogmas e práticas.

Alguns chamam vida espiritual estudar as chamadas ciências ocultas.


Muitos pensam que a vida espiritual é a sua inclinação para apreciar a arte e as coisas belas.

Incluso os que dizem não ter ou não crer na vida espiritual sentem as vezes o desejo de uma vida melhor; e quantos há que apesar de rejeitarem a ideia de um ideal transcendente, trabalham por uma ideia de bem comum, que vai mais além de seus interesses imediatos.

Todos os seres têm vida espiritual.

Por isso pensamos que invés de discutir se a vida espiritual existe ou não, ou o que é vida espiritual, o que nos conviria é que cada um de nós descubra sua vida espiritual; que cada um se faça consciente das características que tem e como se desenvolve sua vida espiritual.

É corrente a ideia de que a vida espiritual é um meio para salvar a alma, ou para ganhar o céu, ou para liberar-se ou para evoluir e desenvolver-se.

Conviríamos ampliar esta forma limitada de conceber nossa vida espiritual.

Seria mais útil para nós compreender que a vida espiritual não é um meio que permanece sempre igual enquanto nós evoluímos. Para que possamos desenvolver-nos, nossa vida espiritual necessita desenvolver-se conosco.

Em outras palavras, a vida espiritual é também um processo que segue uma linha de desenvolvimento.

Possivelmente esse enfoque troque a ideia que muitos de nós tem de sua vida espiritual.

Quando alguém empreende sua vida espiritual, seja que ela consista em professar uma crença, em práticas devotas, em sistemas de meditação ou na realização de um ideal social, crê que o único que tem a fazer é crer, praticar, ou estudar, ou cumprir um programa para alcançar seu objetivo.

Não obstante, não ocorre assim; quando alguém crê que está alcançando o que buscava não encontra o que esperava. São comuns, por isso, as crises de fé e as desilusões que fazem pensar a alguns que a realização a que aspiram é inalcançável.

É provável que o problema não resida na capacidade de realizar, e sim que consista em uma interpretação errada do desenvolvimento.

Há um momento em que o desenvolvimento se detém se não se desenvolve também o motor desse desenvolvimento: o objetivo que se persegue. Isto nos exige trabalhar especialmente sobre os motivos que nos impulsam.

Ao mesmo tempo que nos desenvolvemos necessitamos desenvolver, em outras palavras, espiritualizar nosso ideal. Nosso desenvolvimento individual não pode separar-se nem realizar-se em forma independente do desenvolvimento de nossos objetivos.

Como tomo consciência de qual é o meu objetivo?

Tenho que perguntar-me que é o que quero realmente. Porém não para saber que coisa quero, e sim para descobrir de que natureza é isso que eu quero.

Se, por exemplo, quero bens materiais, poderia parecer que quero algo diferente que se digo que quero estar contente. Porém ambos os objetivos consistem em satisfazer meus desejos da mesma maneira. Ambos são da mesma natureza; são objetivos pessoais. Se o que quero á a felicidade de minha família, ou de meus amigos, isso implica um objetivo de outra natureza, porque vai mais além de meu interesse estritamente pessoal.
O que tenho que descobrir é qual o desejo que realmente me move e que está detrás do que digo; porque posso estar dizendo que quero o bem estar de minha família quando na realidade, o que quero é minha própria tranquilidade.

Muitas vezes cremos que trocamos a natureza de nossos objetivos sem aperceber-nos de que trocamos somente os nomes com que designamos as mesmas coisa, e que uma troca de nome não implica uma troca de objetivo.

Para poder desenvolver minha vida espiritual também necessito saber qual a relação que tenho com os objetivos que creio ter. Para ajudar-me neste sentido conviria que, por exemplo, refletisse sobre:

- Que aspectos de minha vida constituem para mim minha vida espiritual,     meu desenvolvimento como indivíduo.

- Que transcendência tem meu objetivo espiritual em minhas decisões            habituais.

- Se existe ou não uma oposição entre meu objetivo espiritual e meus           objetivos cotidianos.

- Se existe em mim uma divisão entre o desejo de desenvolver-me e o tipo   de desejos que movem meus atos.

É comum que, quando alguém se faz estas perguntas, verifique que ele não é uma unidade; que ele está submetido à luta de forças contraditórias.

Isto não quer dizer que não se realiza uma vida espiritual frutífera; mostra somente em que estado estamos e em que sentido necessitamos desenvolver-nos.

Eu posso ser membro de uma igreja, e pensar que minha vida espiritual é o meu credo, minha fé, minhas práticas devotas. Por outro lado, sinto-me à merce de meus sentimentos variáveis, de meus pensamentos confusos e, não obstante, sinto que eles são a minha vida e que me expressam a mim tal como sou. Depois, quando volto às minhas devoções, sinto que também tenho outra vida, minha vida espiritual, mas que de alguma maneira está desconectada do que habitualmente sinto que sou e que vivo.

Muitas vezes meu trabalho, a vida diária, minha relação com os demais é um processo de ação e de reação no qual perco minha noção de ser. Quando trato de recuperá-la recorro às minhas práticas espirituais, minha meditação, minha devoção ou minha ação de bem sobre os demais. Mas isto não impede que me sinta dividido, como se estivera no meio de uma batalha interior na qual a cada instante corro o risco de perder meus valores espirituais.

Quando me vejo falhar penso que fracassei em minha vida espiritual e que o remédio está em praticar melhor meu credo, seja este o de uma religião, de um caminho espiritual ou de uma ideia social.

É bom que eu tome consciência da maneira como aplico as idéias que digo ter, mas essa consciência não me libera da luta contínua para ser fiel a ela. Isto me mantém como que encerrado em um círculo vicioso de que me sinto culpado por minha debilidade e imperfeição.

Há um instante na vida espiritual em que nos parece que estamos estancados sem remédio, sem que vejamos saída adiante.

Esse é o momento de descobrir qual é a natureza de minha vida espiritual.

Em primeiro lugar, qual a natureza de meu objetivo. Depois, que coerência tem minha vida espiritual, de que maneira está comprometido todo seu ser nela. E, por último, tenho de descobrir se minha vida espiritual se desenvolve em si mesma; se se apoia sobre os mesmos estereótipos de meu passado, se sofreu uma purificação, se meus objetivos se espiritualizaram.

Se minha vida espiritual não se desenvolve em si mesma; se minha maneira de ver-me a mim mesmo não trocou; se minhas intenções não se expandiram, meu próprio desenvolvimento é uma ilusão. Mantendo-me atado ao que concebi, a essa cristalização que fiz do que podia ser o bem e a verdade para mim.

O desenvolvimento espiritual propriamente dito é um processo que começa quando se concebe um objetivo que transcende os interesses pessoais estritos. É o despontar da consciência de ser algo mais do que o mero produto do instinto de conservação e do desejo de auto satisfação.

Logo a vida espiritual vai se desenvolvendo na medida em que se expande a noção de ser.


Se minha noção de ser é a de ser independente e separado da realidade que me circunda, minha vida espiritual tem também essa característica. Quando minha noção de ser se expande e inclui em minha consciência e em meu interesse algo mais que eu mesmo, também o faz minha vida espiritual.

É impossível desenvolver a vida espiritual se nos aferramos a uma noção de ser que resiste a expandir-se e participar.

Não obstante, muitas vezes cremos que estamos desenvolvendo nossa vida espiritual embora seja evidente que nossa noção de ser não se desenvolve.

Como posso saber se se desenvolve minha noção de ser?

É muito simples. Basta que eu observe qual é a natureza de meus pensamentos habituais: como penso, em que penso, o que me preocupa.

A área que cubro com meus pensamentos habituais é na prática a que cobre minha noção de ser. Naturalmente não estamos falando neste caso da consciência de ser, senão dos limites até onde chega a noção que tenho de ser-no-meio. 

Se meus pensamentos habitualmente se concentram em mim e o que quero, essa é minha noção de ser. O meio não é  "meu"  meio, senão que é  "o outro",  o oposto a mim.

Se meus pensamentos habituais incluem os outros, eles se incluem em minha noção de ser e formam "meu" meio.

A experiência nos mostra que quando o indivíduo se desenvolve espiritualmente se expande sua noção de ser e a noção que ele tem de qual é o "seu"  meio, até que esse meio são todos os seres humanos, o mundo, o universo.

Qual é  "minha"  noção de ser? Quais são os limites de meus pensamentos habituais? Hão se expandido? Se é assim, minha vida espiritual também experimentou um desenvolvimento. Se, em troca, permaneço dentro dos mesmos limites, minha solução não consiste em intensificar minhas práticas espirituais, trocar de dogma ou de exercícios. O que necessito é trabalhar interiormente para expandir minha noção de ser e espiritualizar a natureza dos objetivos que motivam meus esforços.

A questão não é ser  "mais"  espiritual. A questão é desenvolver a ideia do que é espiritual e do que é vida espiritual.


Ensinamentos de CAFH - Um Caminho de Desenvolvimento Espiritual.  

terça-feira, 1 de outubro de 2013

DESEJO - ATO CONTRÁRIO - RESERVA DE ENERGIAS.


O desejo não é bom nem mau: é uma força. Mas alguns desejos são melhores do que outros.

Para alcançar a realização Divina o Ser necessita ter toda a sua força em seu poder e ter discernimento para aplicá-la sobre um ponto único e simples.

Impulsos inconscientes se expressam através de uma gama interminável de desejos.

O Ser está submetido a duas forças que o impulsionam em duas direções opostas: para o desenvolvimento e para a regressão.

O ato certo é muito simples de entender e exercitar. Consiste em não satisfazer os impulsos.

Um Mestre espiritual dava este conselho: "Antes de fazer algo, pense como vai sentir-se depois de havê-lo feito; isso lhe ensinará o que deve ser feito.

Alguns fazem obras de arte com resíduos; outros transformam em lixo materiais preciosos. Não tem sentido reagir contra o que se recebeu; deve-se aprender a transformá-lo em uma obra perfeita.

O exercício do ato contrário se começa a praticar como uma simples reserva de energias. Uma forma elementar de começar é controlar a curiosidade. Um Mestre espiritual sempre desviava o tema de conversação quando lhe interessava muito; não praticava ascéticas aparatosas, mas nunca fazia nada para evitar as pequenas mortificações da vida cotidiana. Comia a comida tal como lhe era servida, sem condimentá-la a seu gosto; não bebia se não lhe ofereciam; suportava o frio e o calor, acomodando-se às preferências dos que o rodeavam. Nunca se queixava de nada nem de ninguém, de maneira que todos pensavam que não necessitava nada e que sempre se sentia bem.

Uma das formas comuns de praticar o ato contrário consiste em não discutir nunca nem defender as próprias opiniões.

A prática do ato contrário permite ser útil à Grande Obra. Enquanto se obedece aos desejos se faz o que se gosta. Quando se aprende a controlá-los se faz o que é necessário fazer.

Os Mestres espirituais preferem os áridos exercícios de meditação aos estados profundos de oração que facilmente podem alcançar. Eles são conscientes de que a realização espiritual não se alcança através das sensações. Vivem entre os homens por um ato de amor. Mas as pessoas que somente buscam satisfazer seus desejos, dividem a vida entre o que lhes agrada e o que lhes desgosta. Para eles o ato contrário é absurdo. Para aqueles que buscam seu desenvolvimento é uma expressão de liberdade.

Certa vez, em um maravilhoso entardecer na alta montanha, o discípulo disse ao seu Mestre:
"Há tanta paz em mim que posso dizer-lhe que não desejo a liberação". 
"Essa é a liberação", respondeu o Mestre.


Considerações sobre um ensinamento de Cafh.
Cafh - Um Caminho de Desenvolvimento Espiritual.