Hoje dia de Natal, dia de libertação, dia de renovação, transcrevo um trecho de Santo Agostinho que me parece apropriado para o momento: ( trecho tirado do livro Confissões)
"Nada acontece apenas por acaso nem como exemplo de uma regra ou fase de
um processo. Os caminhos valem por si mesmos. Têm sentido e não apenas
meta. Na caminhada pelos caminhos da libertação não há tempo perdido nem
esforço inútil. Pois nada ocorre apenas com vistas ou por causa de um
resultado. Tudo está pela e para a "verdade que liberta". Nenhum dia se dá
apenas pelo dia seguinte, nenhuma busca se empenha somente pelo lucro.
Ao contrário. Todo momento é "o tempo da libertação, todo dia "o dia da
salvação", pois em cada busca de um vive a cristandade de todos".
Santo Agostinho em sua sapiência nos mostra que cada momento é único, fruto do acontecer de uma vida inteira, que viver o momento presente intensamente e com consciência é a verdade que liberta,
é a vivência do eterno.
...pois em cada busca de um vive a cristandade de todos...
Para cada consciência que se expande, pequenos instantes em que se percebe a realidade e se tem a percepção do todo, todos os seres se beneficiam, num processo que cria massa crítica, para o desabrochar da consciência de todos.
FELIZ NATAL, HO HO HO...
quinta-feira, 25 de dezembro de 2014
sexta-feira, 19 de dezembro de 2014
Oração do dia: ALEGRIA ALEGRIA
Uma verdadeira Oração - By Don Salvador & Abolição
Alegria Alegria é manhã de um novo dia... (LINDO)
Alegria Alegria é manhã de um novo dia... (LINDO)
Uma vida, uma vida não é nada
se não tem nenhum amor.
Um sorriso não é um riso,
um sorriso não é preciso
se não tem amor!
Uma casa é tão fria
apenas, apenas uma moradia
sem amor
Eu persigo o meu destino
Meu futuro do inseguro
levando sempre, sempre
a minha dor!
Não descanso, não, eu não desisto,
eu insisto! Eu insisto procurando o amor!
se não tem nenhum amor.
Um sorriso não é um riso,
um sorriso não é preciso
se não tem amor!
Uma casa é tão fria
apenas, apenas uma moradia
sem amor
Eu persigo o meu destino
Meu futuro do inseguro
levando sempre, sempre
a minha dor!
Não descanso, não, eu não desisto,
eu insisto! Eu insisto procurando o amor!
Alegria! Alegria!
É manhã de um novo dia!
Alegria! Alegria!
É manhã de um novo dia!
Alegria! Alegria!
É manhã de um novo dia!
É manhã de um novo dia!
Alegria! Alegria!
É manhã de um novo dia!
Alegria! Alegria!
É manhã de um novo dia!
Vou andar onde o amor levar
vou descobrir a vida
vou construir meu lar
eu vou sair de mim
eu quero me encontrar
sei que vou ser feliz
meu dia chegará!
vou descobrir a vida
vou construir meu lar
eu vou sair de mim
eu quero me encontrar
sei que vou ser feliz
meu dia chegará!
Alegria! Alegria!
É manhã de um novo dia!
Alegria! Alegria!
É manhã de um novo dia!
Alegria! Alegria!
É manhã de um novo dia!
É manhã de um novo dia!
Alegria! Alegria!
É manhã de um novo dia!
Alegria! Alegria!
É manhã de um novo dia!
quarta-feira, 16 de outubro de 2013
ALÉM DOS PRECONCEITOS
DE UM MESTRE ESPIRITUAL:
Eu nunca serei capaz de conhecer minhas reais possibilidades até que eu veja através do limite dos meus preconceitos sobre o que sou, e o que eu posso aperfeiçoar.
Durante o curso de minha vida, tenho formado uma visão das coisas, dos outros e de mim mesmo. Desde que esta visão é tão intima, parece para mim a mais lógica e sensível, se não a única e correta. Desta forma eu equacionei "preconceitos" com certas idéias preconcebidas; haveriam certas pessoas que veriam diferente de mim, inexperiente ou singular.
Eu não compreendo que a atitude que dá origem a determinadas idéias sobre outras pessoas é a mesma que cria preconceitos, que tolda a visão de mim mesmo e da realidade em geral.
Os meus preconceitos sobre outras pessoas impedem-me de conhece-las e ter um relacionamento harmonioso com elas; preconceitos são também o que bloqueia o meu desenvolvimento e não permitem-me ampliar minha visão da vida e do mundo. Eu tenho preconceitos sempre que troco a verdade pela minha opinião.
Eu facilmente noto os preconceitos de outras pessoas, mas é doloroso descobrir e aceitar que eu também tenho preconceitos. Vejo preconceitos nos outros, todo o tempo, mas é surpreendentemente desagradável quando alguém aponta os meus. Estou habituado a pensar que minhas opiniões refletem a verdade e não uma posição que tomei em favor ou contra alguém.
De fato, tenho sempre feito um esforço para superar minhas preferências de maneira que serei capaz de manter uma visão que é uniforme e justa, contudo minha mente, diz-me que o mundo é diverso e que meu caminho de ser, sentir e pensar é somente um entre vários. Eu não posso deixar de reagir quando vejo pessoas que vivem e pensam diferente do meu caminho. Isto é quase que como se eu percebesse neles um perigo potencial do qual eu tenho que me proteger.
Quando paro e penso sobre a natureza dos preconceitos, descubro que não estou livre deles, até mesmo intelectualmente: "eu aceito a ideia que todo o ser humano merece o mesmo respeito e tem a liberdade de escolher suas crenças e estilos de vida".
Quanto ao conhecimento em geral, minhas opiniões são simplesmente baseadas naquilo que leio, em conversações parciais e esporádicas experiências, ou idéias que acontecem estar em voga. Eu não acho estranho que embora minhas experiências diretas sejam limitadas, minhas ideias são firmes e sólidas. Talvez isso é porque eu sinta que não posso viver sem a segurança de pensar que o que acredito é exatamente do jeito que eu acredito que é, e assim eu imagino que o que acredito, eu realmente, de fato sei. Em resumo, eu confundo minha presunção com conhecimento, minhas opiniões com julgamentos seguros.
Certamente não será sensato rejeitar todo simples julgamento, porque o julgamento nunca pode ser definitivo, pois preciso de uma base afim de fazer algo na vida. Mas se eu me mantenho ciente que meus julgamentos são necessariamente provisórios, posso manter minha mente aberta para novas concepções, posso aprender continuamente a compreender o meu caminho, e manter minhas opiniões atualizadas.
Vejo que este processo já acontecendo ao meu redor - nas ciências, por exemplo. É extraordinário notar quão rapidamente teorias que eram acreditadas serem firmemente estabelecidas, estarem continuamente descartadas por novas descobertas. Na ordem social, cresce intercomunicação e interdependência entre pessoas, suas economias, suas políticas e até suas ideologias - instigam-nos a aceitar outras culturas, outras opiniões, outras tradições. O mais exato conhecimento dá-nos um amplo alcance. Beligerância transforma-se em tolerância, e a tolerância leva-nos a aceitação, conhecimento, harmonia e integração.
Se desejo desenvolver a capacidade de aprender continuamente, preciso deixar de lado meus preconceitos sobre a realidade. Se quero me revelar completamente como uma pessoa, eu tenho que transcender os preconceitos que tenho sobre mim mesmo. Não é fácil para mim aceitar que tenho preconceitos sobre o que sou. A ideia exata parece inacreditável para mim: Como posso ter preconceitos sobre mim mesmo? Minhas mais bem fundamentadas opiniões são aquelas que se referem à minha pessoa. No final que ou o que eu posso conhecer melhor do que mim mesmo? Nada está mais próximo de mim ou mais continuamente comigo do que eu mesmo. Contudo não me conheço bem, eu não estou falando sobre conhecimento essencial do meu ser - "conhece-te a ti mesmo" - mas sobre o simples conhecimento do meu caminho de ser, reagindo e expressando a mim mesmo. Eu tenho provas dos limites de meu conhecimento próprio a cada momento; os membros de minha família, meus amigos, doutores, professores e conhecidos, conhecem-me de um jeito diferente da maneira que eu me conheço.Eles me conhecem de um jeito que é algumas vezes tão diferente que eu penso que não corresponde com o que eu realmente sou. Eu começo a pensar que os outros não me entendem, que sou diferente do jeito que eles me dizem que sou. Isto é tanto, que desta forma muitos dos conflitos em meu relacionamento com os outros, originam-se na diferença entre a percepção que eles tem de mim e a que eu tenho de mim mesmo. Isto aumenta minhas frustrações, fazendo-me sentir incompreendido ou injustamente tratado.
Meus preconceitos sobre o que posso realizar, impedem-me de distinguir minhas possibilidades, talvez a melhor delas. Em quantas ocasiões meus amigos, professores ou guias tentam persuadir-me a fazer algo, mas falho em alcançar, porque imagino que não posso fazê-lo. Eles vêem em mim, possibilidades que não vejo. É comum aceitar que outros vejam em mim o que não sei como ver ou não sou capaz de reconhecer. Isto se deve ao fato de que o conhecimento que tenho de mim é parcial e incompleto. Contudo, em tal fraco princípio construo ideias firmes sobre como sou, minhas virtudes, meus defeitos, minhas limitações, minhas possibilidades e meus preconceitos sobre o que sou, impedem-me de ver todas as minhas possibilidades.
A mesma coisa frequentemente acontece quando novas pessoas chegam a algum lugar. Os recém chegados não são melhores ou mais capazes daqueles que lá estão. A diferença é que eles vêem naquele lugar possibilidades que aqueles que moram lá não acreditam que têm. Eles podem trazer algo novo porque eles acreditam que podem fazer isto. Isto frequentemente ocorre quando a pessoa imagina estar fazendo algo diferente e decide embarcar num esforço, que outros pesam ser loucura ou absurdo. Como o caso dos descobridores e dos aventureiros que atravessaram oceanos, descobriram terras, rasgaram os céus, imaginaram ser possível sair para o espaço. O que era diferente com eles? Era que suas imaginações foram mais longe que seus preconceitos, o que era considerado normal em seus grupos, eles acreditaram que algo era possível, enquanto aos olhos de todos não era.
Eu frequentemente penso que minhas limitações são exteriores à outras pessoas, o ambiente e circunstâncias são os obstáculos que impedem meu desabrochar. Isto deve ser verdade para uma certa extensão, mas tenho certeza, que nunca serei capaz de conhecer minhas reais possibilidades até que veja além dos limites de meus preconceitos sobre o que sou e o que posso realizar. Isto refere-se não somente ao meu talento exterior, tal como as coisa materiais e a graduação acadêmica que posso adquirir, mas também à minha vida espiritual. Além do que acredito que sei sobre mim mesmo, além do que os outros acreditam que sabem sobre mim. lá repousa o espaço interior ainda inexplorado por mim, lá repousa as possibilidades espirituais, que somente eu posso descobrir interiormente, tanto quanto eu amo a liberdade espiritual o suficiente para transcender meus próprios preconceitos.
O meu desejo por liberação espiritual instiga-me a mover-me entusiasticamente para o Divino, e assim, para o grau ao qual eu espiritualmente desabrochei, eu encontro as barreiras que eu mesmo coloquei - sem compreender o que estava fazendo - entre minha alma e o Divino. Estas limitações são fundamentalmente interiores. Elas vem do caminho no qual eu vejo para mim mesmo, e interpreto a vida espiritual, meu desabrochar e a realização do que eu desejo atingir. Para o grau, o qual eu transcendi estes preconceitos, meu relacionamento com outras descobertas, minha visão do mundo e da expansão da vida, estão bem com o caminho no qual eu compreendo a mim mesmo. Principalmente, eu aprofundo o caminho, eu entendo ambos, minha vida espiritual e meu relacionamento com o Divino.
quarta-feira, 9 de outubro de 2013
AUTO GESTÃO E SUSTENTABILIDADE.
Tanto se fala em auto gestão, em sustentabilidade, etc...mas, se fala, via de regra, em relação às empresas, em relação à sociedade, em relação ao planeta, ou seja, sempre o outro, sempre fora.
Mas, e em relação a nós mesmos?.
A necessidade de trabalhar sobre nós mesmos, o discernimento do momento que vivenciamos, a profunda reflexão da vida e de nossas circunstâncias, devem vir em primeiro lugar, para que em relação ao restante seja uma realidade evidente, senão, será apenas uma informação e motivos de muitos discursos: palavras ao vento.
Para ajudar nesse trabalho, poderíamos verificar em que medida nos sustentamos com nossas próprias forças e geramos o que necessitamos, ou em contra partida, somos para os outros, para nossa família, para a sociedade uma CARGA:
MATERIAL - EMOCIONAL - MENTAL
Para não ser uma carga material, poderíamos pensar:
Se geramos os recursos que usamos;
Se geramos hoje as bases para o futuro;
Se criamos o espaço que ocupamos, sem invadir o dos outros: áreas, coisas, tempo.
Além disso, se geramos recursos, áreas, tempo, para ajudar os outros.
Para não ser uma carga emocional:
Se sublimamos nossas contrariedades em compreensão, fé e tolerância, sem sobrecarregar os outros com nossas afeições;
Se geramos alegria ainda que algo nos aflija;
Se produzimos harmonia, amor e paz no ambiente que nos rodeia.
Para não ser uma carga Mental:
Se compreendemos a natureza de nossas relações como o que temos, com o que experimentamos e se atuamos em consequência;
Se compreendemos que nossas posses e nossas experiências são temporárias e que o único que nos resta é o que aprendemos e se incorporá a nós como a noção que somos em relação com a vida, o mundo e o Divino.
Se transcendo o conceito do "BEM" e do "MAL":
Quando deixo de fazer algo não é porque é "mal", mas porque atrasa meu desenvolvimento ou produz dano;
Quando procuro algo não é porque é "bom", mas porque faz bem, já que produz o meu desenvolvimento.
Ou seja, uso a minha inteligência a meu favor.
Fazendo assim, estamos iniciando o caminho da Auto Gestão e da Sustentabilidade de nós mesmos e gerando muitos recursos para todos os outros.
Ensinamentos de CAFH - Um Caminho de Desenvolvimento Espiritual.
quarta-feira, 2 de outubro de 2013
VIDA ESPIRITUAL
Uns chamam vida espiritual aderir a um dogma e praticar os ritos de sua fé.
Outros chamam vida espiritual trocar seus dogmas e ritos por outros dogmas e práticas.
Alguns chamam vida espiritual estudar as chamadas ciências ocultas.
Muitos pensam que a vida espiritual é a sua inclinação para apreciar a arte e as coisas belas.
Incluso os que dizem não ter ou não crer na vida espiritual sentem as vezes o desejo de uma vida melhor; e quantos há que apesar de rejeitarem a ideia de um ideal transcendente, trabalham por uma ideia de bem comum, que vai mais além de seus interesses imediatos.
Todos os seres têm vida espiritual.
Por isso pensamos que invés de discutir se a vida espiritual existe ou não, ou o que é vida espiritual, o que nos conviria é que cada um de nós descubra sua vida espiritual; que cada um se faça consciente das características que tem e como se desenvolve sua vida espiritual.
É corrente a ideia de que a vida espiritual é um meio para salvar a alma, ou para ganhar o céu, ou para liberar-se ou para evoluir e desenvolver-se.
Conviríamos ampliar esta forma limitada de conceber nossa vida espiritual.
Seria mais útil para nós compreender que a vida espiritual não é um meio que permanece sempre igual enquanto nós evoluímos. Para que possamos desenvolver-nos, nossa vida espiritual necessita desenvolver-se conosco.
Em outras palavras, a vida espiritual é também um processo que segue uma linha de desenvolvimento.
Possivelmente esse enfoque troque a ideia que muitos de nós tem de sua vida espiritual.
Quando alguém empreende sua vida espiritual, seja que ela consista em professar uma crença, em práticas devotas, em sistemas de meditação ou na realização de um ideal social, crê que o único que tem a fazer é crer, praticar, ou estudar, ou cumprir um programa para alcançar seu objetivo.
Não obstante, não ocorre assim; quando alguém crê que está alcançando o que buscava não encontra o que esperava. São comuns, por isso, as crises de fé e as desilusões que fazem pensar a alguns que a realização a que aspiram é inalcançável.
É provável que o problema não resida na capacidade de realizar, e sim que consista em uma interpretação errada do desenvolvimento.
Há um momento em que o desenvolvimento se detém se não se desenvolve também o motor desse desenvolvimento: o objetivo que se persegue. Isto nos exige trabalhar especialmente sobre os motivos que nos impulsam.
Ao mesmo tempo que nos desenvolvemos necessitamos desenvolver, em outras palavras, espiritualizar nosso ideal. Nosso desenvolvimento individual não pode separar-se nem realizar-se em forma independente do desenvolvimento de nossos objetivos.
Como tomo consciência de qual é o meu objetivo?
Tenho que perguntar-me que é o que quero realmente. Porém não para saber que coisa quero, e sim para descobrir de que natureza é isso que eu quero.
Se, por exemplo, quero bens materiais, poderia parecer que quero algo diferente que se digo que quero estar contente. Porém ambos os objetivos consistem em satisfazer meus desejos da mesma maneira. Ambos são da mesma natureza; são objetivos pessoais. Se o que quero á a felicidade de minha família, ou de meus amigos, isso implica um objetivo de outra natureza, porque vai mais além de meu interesse estritamente pessoal.
O que tenho que descobrir é qual o desejo que realmente me move e que está detrás do que digo; porque posso estar dizendo que quero o bem estar de minha família quando na realidade, o que quero é minha própria tranquilidade.
Muitas vezes cremos que trocamos a natureza de nossos objetivos sem aperceber-nos de que trocamos somente os nomes com que designamos as mesmas coisa, e que uma troca de nome não implica uma troca de objetivo.
Para poder desenvolver minha vida espiritual também necessito saber qual a relação que tenho com os objetivos que creio ter. Para ajudar-me neste sentido conviria que, por exemplo, refletisse sobre:
- Que aspectos de minha vida constituem para mim minha vida espiritual, meu desenvolvimento como indivíduo.
- Que transcendência tem meu objetivo espiritual em minhas decisões habituais.
- Se existe ou não uma oposição entre meu objetivo espiritual e meus objetivos cotidianos.
- Se existe em mim uma divisão entre o desejo de desenvolver-me e o tipo de desejos que movem meus atos.
É comum que, quando alguém se faz estas perguntas, verifique que ele não é uma unidade; que ele está submetido à luta de forças contraditórias.
Isto não quer dizer que não se realiza uma vida espiritual frutífera; mostra somente em que estado estamos e em que sentido necessitamos desenvolver-nos.
Eu posso ser membro de uma igreja, e pensar que minha vida espiritual é o meu credo, minha fé, minhas práticas devotas. Por outro lado, sinto-me à merce de meus sentimentos variáveis, de meus pensamentos confusos e, não obstante, sinto que eles são a minha vida e que me expressam a mim tal como sou. Depois, quando volto às minhas devoções, sinto que também tenho outra vida, minha vida espiritual, mas que de alguma maneira está desconectada do que habitualmente sinto que sou e que vivo.
Muitas vezes meu trabalho, a vida diária, minha relação com os demais é um processo de ação e de reação no qual perco minha noção de ser. Quando trato de recuperá-la recorro às minhas práticas espirituais, minha meditação, minha devoção ou minha ação de bem sobre os demais. Mas isto não impede que me sinta dividido, como se estivera no meio de uma batalha interior na qual a cada instante corro o risco de perder meus valores espirituais.
Quando me vejo falhar penso que fracassei em minha vida espiritual e que o remédio está em praticar melhor meu credo, seja este o de uma religião, de um caminho espiritual ou de uma ideia social.
É bom que eu tome consciência da maneira como aplico as idéias que digo ter, mas essa consciência não me libera da luta contínua para ser fiel a ela. Isto me mantém como que encerrado em um círculo vicioso de que me sinto culpado por minha debilidade e imperfeição.
Há um instante na vida espiritual em que nos parece que estamos estancados sem remédio, sem que vejamos saída adiante.
Esse é o momento de descobrir qual é a natureza de minha vida espiritual.
Em primeiro lugar, qual a natureza de meu objetivo. Depois, que coerência tem minha vida espiritual, de que maneira está comprometido todo seu ser nela. E, por último, tenho de descobrir se minha vida espiritual se desenvolve em si mesma; se se apoia sobre os mesmos estereótipos de meu passado, se sofreu uma purificação, se meus objetivos se espiritualizaram.
Se minha vida espiritual não se desenvolve em si mesma; se minha maneira de ver-me a mim mesmo não trocou; se minhas intenções não se expandiram, meu próprio desenvolvimento é uma ilusão. Mantendo-me atado ao que concebi, a essa cristalização que fiz do que podia ser o bem e a verdade para mim.
O desenvolvimento espiritual propriamente dito é um processo que começa quando se concebe um objetivo que transcende os interesses pessoais estritos. É o despontar da consciência de ser algo mais do que o mero produto do instinto de conservação e do desejo de auto satisfação.
Logo a vida espiritual vai se desenvolvendo na medida em que se expande a noção de ser.
Se minha noção de ser é a de ser independente e separado da realidade que me circunda, minha vida espiritual tem também essa característica. Quando minha noção de ser se expande e inclui em minha consciência e em meu interesse algo mais que eu mesmo, também o faz minha vida espiritual.
É impossível desenvolver a vida espiritual se nos aferramos a uma noção de ser que resiste a expandir-se e participar.
Não obstante, muitas vezes cremos que estamos desenvolvendo nossa vida espiritual embora seja evidente que nossa noção de ser não se desenvolve.
Como posso saber se se desenvolve minha noção de ser?
É muito simples. Basta que eu observe qual é a natureza de meus pensamentos habituais: como penso, em que penso, o que me preocupa.
A área que cubro com meus pensamentos habituais é na prática a que cobre minha noção de ser. Naturalmente não estamos falando neste caso da consciência de ser, senão dos limites até onde chega a noção que tenho de ser-no-meio.
Se meus pensamentos habitualmente se concentram em mim e o que quero, essa é minha noção de ser. O meio não é "meu" meio, senão que é "o outro", o oposto a mim.
Se meus pensamentos habituais incluem os outros, eles se incluem em minha noção de ser e formam "meu" meio.
A experiência nos mostra que quando o indivíduo se desenvolve espiritualmente se expande sua noção de ser e a noção que ele tem de qual é o "seu" meio, até que esse meio são todos os seres humanos, o mundo, o universo.
Qual é "minha" noção de ser? Quais são os limites de meus pensamentos habituais? Hão se expandido? Se é assim, minha vida espiritual também experimentou um desenvolvimento. Se, em troca, permaneço dentro dos mesmos limites, minha solução não consiste em intensificar minhas práticas espirituais, trocar de dogma ou de exercícios. O que necessito é trabalhar interiormente para expandir minha noção de ser e espiritualizar a natureza dos objetivos que motivam meus esforços.
A questão não é ser "mais" espiritual. A questão é desenvolver a ideia do que é espiritual e do que é vida espiritual.
Ensinamentos de CAFH - Um Caminho de Desenvolvimento Espiritual.
terça-feira, 1 de outubro de 2013
DESEJO - ATO CONTRÁRIO - RESERVA DE ENERGIAS.
O desejo não é bom nem mau: é uma força. Mas alguns desejos são melhores do que outros.
Para alcançar a realização Divina o Ser necessita ter toda a sua força em seu poder e ter discernimento para aplicá-la sobre um ponto único e simples.
Impulsos inconscientes se expressam através de uma gama interminável de desejos.
O Ser está submetido a duas forças que o impulsionam em duas direções opostas: para o desenvolvimento e para a regressão.
O ato certo é muito simples de entender e exercitar. Consiste em não satisfazer os impulsos.
Um Mestre espiritual dava este conselho: "Antes de fazer algo, pense como vai sentir-se depois de havê-lo feito; isso lhe ensinará o que deve ser feito.
Alguns fazem obras de arte com resíduos; outros transformam em lixo materiais preciosos. Não tem sentido reagir contra o que se recebeu; deve-se aprender a transformá-lo em uma obra perfeita.
O exercício do ato contrário se começa a praticar como uma simples reserva de energias. Uma forma elementar de começar é controlar a curiosidade. Um Mestre espiritual sempre desviava o tema de conversação quando lhe interessava muito; não praticava ascéticas aparatosas, mas nunca fazia nada para evitar as pequenas mortificações da vida cotidiana. Comia a comida tal como lhe era servida, sem condimentá-la a seu gosto; não bebia se não lhe ofereciam; suportava o frio e o calor, acomodando-se às preferências dos que o rodeavam. Nunca se queixava de nada nem de ninguém, de maneira que todos pensavam que não necessitava nada e que sempre se sentia bem.
Uma das formas comuns de praticar o ato contrário consiste em não discutir nunca nem defender as próprias opiniões.
A prática do ato contrário permite ser útil à Grande Obra. Enquanto se obedece aos desejos se faz o que se gosta. Quando se aprende a controlá-los se faz o que é necessário fazer.
Os Mestres espirituais preferem os áridos exercícios de meditação aos estados profundos de oração que facilmente podem alcançar. Eles são conscientes de que a realização espiritual não se alcança através das sensações. Vivem entre os homens por um ato de amor. Mas as pessoas que somente buscam satisfazer seus desejos, dividem a vida entre o que lhes agrada e o que lhes desgosta. Para eles o ato contrário é absurdo. Para aqueles que buscam seu desenvolvimento é uma expressão de liberdade.
Certa vez, em um maravilhoso entardecer na alta montanha, o discípulo disse ao seu Mestre:
"Há tanta paz em mim que posso dizer-lhe que não desejo a liberação".
"Essa é a liberação", respondeu o Mestre.
Considerações sobre um ensinamento de Cafh.
Cafh - Um Caminho de Desenvolvimento Espiritual.
segunda-feira, 30 de setembro de 2013
Conhecendo um pouquinho das idéias do Mestre: DOM SANTIAGO
Relato de um de seus primeiros companheiros:
Conheci Dom Santiago. Em sua presença senti que penetrava numa atmosfera diferente da que estava acostumado a respirar; causou-me impacto o campo de liberdade em que ele se movia e intui de imediato que estava diante de um ser superior. Em seu ser vislumbrava uma grandeza de alma que eu sempre havia buscado.
Dom Santiago era um espelho para mim em sua presença eu me via "demasiadamente" bem. Meu passado surgia como uma densa sombra, mas também vislumbrava um mundo novo e a força de uma vocação lançada a um destino futuro.
A simples presença de Dom Santiago me fez ver, desde o primeiro momento, a diferença fundamental entre o que eu entendia até então por idéias espirituais e o que é vida espiritual.
Dom Santiago me disse: "Se houver oferenda de vida, sim! Se houver oferenda consumada até o fim".
Dom Santiago queria saber como eu respondia como ser moral.
Dom Santiago apresentava-se tal como era e não forçava ninguém a segui-lo: simplesmente estava ali. E sua presença era tudo.
Na presença de Dom Santiago sentia sua força liberadora, percebia o seu "não interesse" por mim. A grandeza de seu gesto libertador significava não querer possuir o outro. O que Dom Santiago queria dizer? Qual era seu ensinamento fundamental? Qual era sua doutrina?
Dom Santiago possuia uma vasta cultura. Em alguns momentos refletia a cultura do oriente místico, em outras exaltava a mística cristã e os exemplos de santidade.
Dom Santiago não fazia "doutrina", não "fixava" o pensamento, não o corporificava num "sistema de idéias", porque ele mesmo não era um sistema de idéias.
Dom Santiago dizia: "A originalidade do Caminho da Renúncia e o que o diferencia das religiões conhecidas é que não transmite uma doutrina dogmática ou um corpo sistemático de idéias, mas constitui-se num "estado de alma".
Dom Santiago dizia: "Nunca diga que sabe algo, porque senão estará perdido: sua mente deve estar sempre aberta, receptiva a novas formas ou expressões da verdade".
Na presença de Dom Santiago fui sentindo progressivamente a energia emanente e expansiva de sua pessoa.
Mas a energia que eu começava a sentir na presença de Dom Santiago era algo diferente.
Dom Santiago se adiantava ao futuro com uma visão realmente extraordinária.
"A humanidade está passando por um momento crucial" - me dizia - "e muitas almas, como uma antecipação à evolução, estão realizando em seu interior a grande experiência de preparar novos moldes para o homem do futuro".
Corria o ano de 1937...Dom Santiago, olhando o céu estrelado, falava de grandes ciclos do devenir universal e do mundo futuro. A era de peixes chegava ao fim e começava um "novo tempo" sob o signo de Aquário: uma nova expressão de vida divina abria os céus.
O que era esse "algo" que Dom Santiago descobria com seu olhar penetrante no mistério da noite estrelada?
Vivemos numa destas épocas-chave, num destes "tempos-eixo" que alguns seres como Dom Santiago vislumbravam com muita antecipação.
Dom Santiago falava dos grande mestres do universo, dos intérpretes da vontade divina na geração e construção da Grande Obra Universal sobre a terra.
Dom Santiago anunciava que entre os anos de 1972-79 um novo iniciado se faria presente na humanidade.
Dom Santiago dizia: "o senhor reparou que todos os místicos cristãos que têm visões vêm a figura de Cristo e todos os budistas vêm o Bhuda...por que será?
Ouvi Dom Santiago falar uma única vez sobre esse anúncio de forma simples.
Não voltou mais a falar sobre o assunto.
Teve para mim muita importância o testemunho de vida de Renúncia na pessoa de Dom Santiago.
Como aprendi Renúncia com Dom Santiago?
Por pregação? Pelo ensinamento formal de novos princípios? Por disciplina?
Sim e não. Diria que fui aprendendo por similitude.
Vejamos se podemos caracterizar ainda melhor o fundo místico do estado de Renúncia de Dom Santiago.
Eu sentia Dom Santiago como alguém que "morreu!", como alguém que cruzou a barreira existencial da "morte" e está vivendo além da morte.
Dom Santiago em sua condição de mestre é aquele que "morreu". Somente quem morreu pode ensinar aos demais como cruzar a barreira da morte.
Junto a Dom Santiago, como eram vãos os meus problemas.
Dom Santiago se interessava profundamente por todos os aspectos da vida. Sempre tinha tempo para tudo e entregava-se com o mesmo amor tantos às grande ações como às pequenas.
Dom Santiago tinha uma ideia espiritual única que apontava para a egoência do ser.Dizia "Você tem que compreender que hoje em dia não há uma ideologia melhor que a outra , ou um sistema social melhor do que outro - e completava - a doutrina social do futuro é bem simples: a Renúncia. Ali está todo o segredo da felicidade do mundo: não tirar nada, recolher o pedacinho de pão do chão e comê-lo, como faziam nossos avós, ou utilizar o que se joga fora da verdura para preparar com isso um novo prato; tudo o mais é passado e morte".Dom Santiago era um ensinamento não escrito, mas transmitido verbalmente em função da vida. Dom Santiago dizia que compreensão ou sentimentos deveriam ser acompanhados por expressões concretas da vida.
Dom Santiago costumava dizer: "os homens de hoje que querem verdadeiramente ajudar a humanidade, deixam de escrever livros, renunciam a seus bens e vão viver com os mais pobres e os mais deserdados.
Dom Santiago me contou : um sacerdote operário deixou seu hábito e vestindo roupas humildes foi viver junto aos operários e participar de suas vidas humildes e de sacrifício. Começou a trabalhar no porto, carregando nos ombros essas pesadas sacas e vivendo como seus companheiros de trabalho. Eles chegaram a saber que ele era um padre, mas ninguém jamais lhe perguntou se o era na realidade.
Certo dia, em seu trabalho, caiu um guindaste sobre ele e o matou: assistiram ao seu enterro centenas de homens de todas as condições e de todas as idéias.
Dom Santiago dava à vida consagrada um valor fundamental e a considerava como suprema vocação do homem sobre a terra.
A partir do ano de 1952 Dom Santiago fundou na América as primeiras comunidades espirituais, inspiradas num profundo sentido místico de consagração. No entretanto, Dom Santiago não se cansava de repetir que eram muito poucos os chamados a deixar tudo por amor a Deus e à humanidade.
Dom Santiago costumava exemplificar esta singularidade vocacional, com relatos simples e amenos: "um grupo de patinhos estão na água - dizia - todos são iguais, mas há um diferente; geralmente são todos brancos, mas entre eles há um que é preto. O mesmo ocorre com as famílias: entre vários filhos um deles pode não ter nascido para seguir a mesma vida tradicional dos outros irmãos; geralmente todos se casam, mas há um que não nasceu para se casar. Se trata-se de uma filha, chegada uma certa idade os pais desejam que tenha um namorado e que se case, mas infelizmente ela não nasceu para a vida de casamento. E se casa simplesmente para agradar os pais ou seguir o que é de hábito, será muito infeliz. Há almas que nasceram para Deus. Cada um deve responder com fidelidade à voz íntima de sua vocação".
Quando eu perguntava a Dom Santiago que sentido tem esse tipo de vida, que valor pode ter para os demais homens que inclusive ignoram sua existência, ele me respondia: "esta vida é o que torna possível que os demais vivam".
Dom Santiago dizia que os seres consagrados, qualquer que seja a religião a que pertençam e qualquer que seja a ideologia - são "membros" desse corpo místico que anima e dá sentido à sociedade humana.
Convivendo com Dom Santiago comecei a me dar conta de que haviam zonas estritamente privadas em sua vida, percebia que haviam zonas de vida em que eu não podia entrar, zonas de clausura.
Dom Santiago acerca deste novo mistério da existência me respondia com um paradoxo: "você pode estar ao lado de um místico, conhecer sua vida, seus costumes, conversar com ele e crer que o conhece, mas não pode chegar nunca a certas zonas de seu interior".
Como será a sociedade do futuro?, perguntava eu a Dom Santiago. E ele me respondia de forma simples, mas carregada de significado: "os sábios e os santos serão sacerdotes, legisladores e guias da humanidade.
Dom Santiago Bovísio foi o fundador de Cafh - Um Caminho de Desenvolvimento Espiritual.
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