sábado, 31 de julho de 2010

TEORIA DAS JANELAS PARTIDAS

Recentemente meu amigo Sérgio da Cruz, me enviou um artigo baseado no livro "Broken Windows", de James Q. Wilson and George L. Kelling.
Esse artigo me chamou muito a atenção, e comecei fazer uma série de analogias, tanto a nível pessoal, quanto a nível da relação social como um todo. Artigo bom é assim, desperta nosso interior, mexe com a gente,  nos faz pensar; transcrevo parte dele:

Em 1969, na Universidade de Stanford (EUA), o Prof. Phillip Zimbardo realizou uma experiência de Psicologia Social. Deixou dois carros abandonados na via pública, dois carros idênticos, da mesma marca, modelo, cor. Um deixou no Bronx, na altura de uma zona pobre e conflituosa de Nova York e o outro em Palo Alto, uma zona rica e tranquila da Califórnia. Dois carros idênticos e abandonados, dois bairros com populações muito diferentes e uma equipe de especialistas em Psicologia Social estudando as condutas das pessoas em cada lugar.
Resultou que o carro abandonado no Bronx começou a ser depenado em poucas horas. Perdeu as rodas, o motor, os espelhos, o rádio, etc. Levaram tudo o que fosse aproveitável e aquilo que não puderam levar, destruíram. Contrariamente, o carro abandonado em Palo Alto manteve-se intacto.
É comum atribuir à pobreza as causas do delito. Atribuição em que coincidem as posições ideológicas mais conservadoras, tanto da direita como da esquerda. Contudo a experiência não terminou aí, enquanto o carro abandonado no Bronx estava totalmente depenado e destruído, o carro de Palo Alto estava há uma semana impecável, foi aí, que os investigadores de Palo Alto quebraram um vidro do carro.
O resultado foi que se desencadeou o mesmo processo que o carro do Bronx, roubo, violência e  vandalismo reduziram o carro ao mesmo estado que o do bairro pobre.
Porque o vidro partido no carro abandonado num bairro supostamente seguro é capaz de disparar todo um processo delituoso? Não se trata de pobreza. Evidentemente é algo que tem a ver com a psicologia humana e com as relações sociais.
Um vidro partido numa viatura abandonada transmite uma idéia de deterioração, de desinteresse, de despreocupação que vai quebrar os códigos de convivência, como de ausência de leis, de normas, de regras, como que vale tudo. Cada novo ataque que o carro sofre reafirma e multiplica essa idéia, até que a escalada de atos cada vez piores, se torna incontrolável, desembocando numa violência irracional.
Em experiências posteriores, James Q. Wilson e George Kelling, desenvolveram a "Teoria das Janelas Partidas", a mesma que de um ponto de vista criminalístico, conclui que o DELITO é maior nas zonas onde o  DESCUIDO, A SUJIDADE, A DESORDEM E O MALTRATO SÃO MAIORES.
Se se parte um vidro de uma janela de um edifício e nínguem o repara, muito rapidamente estarão partidos todos os demais. Se uma comunidade exibe sinais de deterioração e isso parece não importar a ningém, então ali se gerará o DELITO.
Se se cometem "pequenas faltas": estacionar em lugar proibido, exceder o limite de velocidade ou passar o sinal vermelho, e as mesmas não são sancionadas, então começam as faltas maiores e logo os DELITOS cada vez maiores. Se se permitem atitudes violentas como algo normal no desenvolvimento das crianças, o padrão de desenvolvimento será de maior violência quando essas crianças forem adultas.
Se os parques e outros espaços públicos deteriorados são progressivamente abandonados pela maioria das pessoas, que deixam de sair de suas casas por temor a criminalidade, esses mesmos espaços são progressivamente ocupados pelos delinquentes.
A teoria foi aplicada com sucesso no metrô de Nova York, na década de 80, transformando o metrô de lugar insalubre, num lugar limpo e seguro.
Em 1994 o prefeito de Nova York, Rudolph Giuliano, baseado na Teoria, implantou a política da "Tolerância Zero", mas ao contrário do que muitos pensam, a política é com os DELITOS e não com quem comete os delitos, ou seja, criar comunidades limpas ordenadas e respeitosa das leis e dos códigos básicos da convivência social humana.


Conforme eu ia lendo esse artigo, vinha chegando em minha mente imagens de prédios abandonados, cada vez mais vandalizados com o passar do tempo, vinha a minha mente imagens da Cracolândia no centro de São Paulo, imagens dos moradores de rua em toda a sua degradação.
Despertou em mim um sentimento de responsabilidade comigo mesmo e com minhas relações sociais, de procurar manter a todo custo e o máximo de tempo possível a coerência entre aquilo que acredito e aquilo que eu realmente penso e faço.
Veio à tona a consciência do porque do fracasso de muitas pessoas e organizações, que lacearam seus valores, deixaram de cuidar dos detalhes, valorizaram o poder, em detrimento do bem comum ou simplesmente se desinteressaram.
E consequentemente, valorizou e adquiriu outro matiz, o esforço que tenho que fazer para cuidar dos detalhes, respeitar cada um em seu contexto, ser um elemento agregador, parte da solução das coisas.
Resumindo, fazer o trabalho de base, trabalhar no fundamental, coisas simples mas de fudamental importância para nosso acontecer em harmonia com tudo e com todos.
E nesse processo cuidar para não nos transformarmos em VÂNDALOS sociais.

4 comentários:

  1. Incrível, hoje, 09/08, acabo de comprovar a Teoria, não realidade.
    A duas semanas tenho observado um Zafira Azul estacionada na Av. Professor Fonseca Rodrigues, a do Parque Villa Lobos, no sentido Parque, praça Panamericana, do lado direito.
    No decorrer destas duas semanas, não ocorreu nada, ela estava intacta; ontém a noite passei por lá, e vi que o vidro traseiro estava quebrado, um pequeno furo, hoje passei novamente, e pasmem, todos os vidros estavam quebrados, parece até que alguém esta querendo comprovar a teoria, se assim for, CONSEGUIU.
    Um abraço a todos.
    Juca,

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  2. MUITO INTERESSANTE A TEORIA E QUE FACIL O REMEDIO, NAO?
    PODEMOS COMEÇAR POR CASA, DEIXANDO TUDO INTEIRO, EM ORDEM E LIMPO.
    ENQUANTO LIA, PENSAVA, E VERDADE..QUANDO ALGO ESTA RASGADINHO, A GENTE NAO SENTE MEDO NEM VERGONHA DE FAZER UM BURACO MAIOR, TOTAL JA ESTA FEITO O DANO E NAO FUI EU.
    MUITO INTERESSANTE. VOU EMBORA PENSANDO NAS CONSEQUENCIAS NA MINHA VIDA E NAS MINHAS RELACOES, DESTA TEORIA.
    MARIANA

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  3. Quem é o autor? Este texto é encontrado em espanhol, alguns sites diezm ser de autor desconhecido. Outros dão a entender serem eles próprios os autores. Quem é o autor?

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  4. Prezado amigo, primeiramente, peço desculpas por não ter identificado o autor do artigo, como já faz algum tempo, não consegui mais em meus arquivos encontrar a fonte.
    Mas, como foi citado, esse artigo foi baseado no livro "Broken Windows", de James Q. Wilson and George L. Kelling; e foi um estudo da Universidade Stanford, que descreve o processo, que foi adotado pelo prefeito de Nova York Rudolph Giuliano.
    Minha intenção foi trazer essas idéias para nossa vida pessoal, que certamente terão uma influência muito benéfica e podem bem orientar nosso pensamento e sentimento.
    Um grande baraço,
    Juca

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