Defesas verbais
(quem tiver interesse em baixar o arquivo completo do livro entrar em:
www.cafh.org - idioma português - publicações)
São muitas as maneiras como nos defendemos, não só do que atenta contra a nossa vida, a nossa saúde e o nosso bem estar, mas também do que percebemos como ataques ao que sentimos que somos, pensamos e fazemos. Neste trabalho nos limitamos a considerar só algumas das defesas verbais que costumamos usar para nos proteger em situações que nos geram tensão ou ameaçam a nossa autoimagem.
Estimamos que seja importante, especialmente desde o ponto de vista de nosso desenvolvimento, trazer à luz perante nós mesmos as nossas defesas verbais. Embora, por um lado, essas defesas nos ajudem a enfrentar as circunstâncias da vida, por outro, travam o nosso adiantamento e também a possibilidade de conhecer-nos melhor.
Estamos tão identificados com as nossas defesas verbais que, apesar de sermos conscientes delas, não percebemos que elas nos cegam a respeito de como somos, porque somos assim, e também sobre o que produzimos nos outros e no meio ao usá-las. Como pensamos que a forma como falamos é própria de nossa maneira de ser, sentimos que somos livres para falar do modo como nos surgirem as palavras. Cremos que somos espontâneos, sem perceber que obedecemos a impulsos que não só disparam por si mesmos nossas palavras, mas que também estabelecem a qualidade de todo o sistema de nossas relações. A linguagem, em resumo, se nos mostra como um meio, sempre a nosso alcance, para trabalhar em nosso desenvolvimento e na relação com quem convivemos.
(quem tiver interesse em baixar o arquivo completo do livro entrar em:
www.cafh.org - idioma português - publicações)
São muitas as maneiras como nos defendemos, não só do que atenta contra a nossa vida, a nossa saúde e o nosso bem estar, mas também do que percebemos como ataques ao que sentimos que somos, pensamos e fazemos. Neste trabalho nos limitamos a considerar só algumas das defesas verbais que costumamos usar para nos proteger em situações que nos geram tensão ou ameaçam a nossa autoimagem.
Estimamos que seja importante, especialmente desde o ponto de vista de nosso desenvolvimento, trazer à luz perante nós mesmos as nossas defesas verbais. Embora, por um lado, essas defesas nos ajudem a enfrentar as circunstâncias da vida, por outro, travam o nosso adiantamento e também a possibilidade de conhecer-nos melhor.
Estamos tão identificados com as nossas defesas verbais que, apesar de sermos conscientes delas, não percebemos que elas nos cegam a respeito de como somos, porque somos assim, e também sobre o que produzimos nos outros e no meio ao usá-las. Como pensamos que a forma como falamos é própria de nossa maneira de ser, sentimos que somos livres para falar do modo como nos surgirem as palavras. Cremos que somos espontâneos, sem perceber que obedecemos a impulsos que não só disparam por si mesmos nossas palavras, mas que também estabelecem a qualidade de todo o sistema de nossas relações. A linguagem, em resumo, se nos mostra como um meio, sempre a nosso alcance, para trabalhar em nosso desenvolvimento e na relação com quem convivemos.
Quando uma situação expõe nossos problemas ou quando
toca pontos nevrálgicos íntimos nossos reagimos de muitas
formas, desde a agressão física até a mudez, desde a
zombaria até a enunciação de uma teoria sobre a realidade;
mas sempre a nossa reação expressa uma maneira de
defender-nos do que coloca em destaque algo que não
aceitamos nos outros ou em nós, ou situações que não
podemos resolver ou que não queremos conhecer.
Por outro lado, apesar da precariedade de nossas certezas, sentimos a necessidade de estar totalmente seguros sobre o que pensamos e acreditamos não só sobre a vida e o mundo, mas, especialmente, sobre o que pensamos a respeito de nós mesmos. Qualquer coisa que ataque ou ponha em dúvida essas certezas ativa em nós, de forma automática, defesas que geram emoções e reações que, geralmente, expressamos em palavras.
Boa parte de nossas conversas servem mais para aliviar as nossas tensões e reforçar a imagem que temos de nós mesmos do que para estabelecer uma comunicação proveitosa com os nossos interlocutores.
Dar escape vocal à tensão nervosa é uma maneira de defender-nos de nós mesmos ou dos demais. Se algo nos incomoda muito, usamos a linguagem para canalizar a força de uma reação que não podemos dominar. Como temos dificuldade em reconhecer nossas fraquezas, acostumamo-nos a apontar fora de nós, com palavras, as causas de nossas explosões emocionais.
Na relação interpessoal, muitas de nossas conversações também são válvulas de escape ao invés de meios de participação real. Por exemplo, quando sofremos uma situação difícil procuramos alguém para falar sobre ela. Ao contar para outra pessoa o que se passa conosco nos sentimos aliviados, sem reparar ou nos importar se essa pessoa tem tempo para nos escutar, nem se tem uma
Por outro lado, apesar da precariedade de nossas certezas, sentimos a necessidade de estar totalmente seguros sobre o que pensamos e acreditamos não só sobre a vida e o mundo, mas, especialmente, sobre o que pensamos a respeito de nós mesmos. Qualquer coisa que ataque ou ponha em dúvida essas certezas ativa em nós, de forma automática, defesas que geram emoções e reações que, geralmente, expressamos em palavras.
Boa parte de nossas conversas servem mais para aliviar as nossas tensões e reforçar a imagem que temos de nós mesmos do que para estabelecer uma comunicação proveitosa com os nossos interlocutores.
Dar escape vocal à tensão nervosa é uma maneira de defender-nos de nós mesmos ou dos demais. Se algo nos incomoda muito, usamos a linguagem para canalizar a força de uma reação que não podemos dominar. Como temos dificuldade em reconhecer nossas fraquezas, acostumamo-nos a apontar fora de nós, com palavras, as causas de nossas explosões emocionais.
Na relação interpessoal, muitas de nossas conversações também são válvulas de escape ao invés de meios de participação real. Por exemplo, quando sofremos uma situação difícil procuramos alguém para falar sobre ela. Ao contar para outra pessoa o que se passa conosco nos sentimos aliviados, sem reparar ou nos importar se essa pessoa tem tempo para nos escutar, nem se tem uma
disposição propícia e suficiente fortaleza para receber nossa
descarga. Tampouco nos ocorre pensar o quanto turvaremos
o seu dia –ou a sua vida– com o que vamos lhe dizer.
As defesas verbais são também formas de auto-justificação. Expressar a nossa raiva quando nos criticam é uma forma de afirmar-nos em relação ao que fazemos e pensamos. Ao criticamos os outros, sentimo-nos superiores a eles, justificamos o que somos e consolidamos a nossa crença de estarmos certos.
No contexto do uso de palavras, podemos distinguir dois tipos de defesa automática.
Ao primeiro, chamamos Defesas Limitantes, porque turvam a nossa percepção e o nosso entendimento. Por exemplo, quando nos negamos a escutar, ou nos justificamos ou nos queixamos. Descrevemos algumas destas defesas na seção Ponderar o que dizemos.
Ao segundo tipo chamamos Defesas Agressivas, porque as usamos como armas de ataque. Por exemplo, palavras cortantes, juízos condenatorios. Descrevemos algumas destas defesas na seção Discernir o que dizemos.
De que maneira nos convém proceder em relação a nossas defesas verbais para que não dificultem o nosso desenvolvimento nem deteriorem as nossas relações? Uma forma simples de trabalhar sobre elas é colocá-las em evidência. Ao vê-las tal como são, tornam-se óbvios a sua futilidade e o baixo nível de consciência que elas implicam. Os exercícios de detenção que descrevemos neste trabalho têm esse propósito.
Os exercícios de detenção também podem ser muito valiosos para aprendermos sobre nós mesmos. Se os fizermos não só quando descobrirmos nossas defesas verbais, mas também em outros momentos de nossa vida, poderemos abrir campos
As defesas verbais são também formas de auto-justificação. Expressar a nossa raiva quando nos criticam é uma forma de afirmar-nos em relação ao que fazemos e pensamos. Ao criticamos os outros, sentimo-nos superiores a eles, justificamos o que somos e consolidamos a nossa crença de estarmos certos.
No contexto do uso de palavras, podemos distinguir dois tipos de defesa automática.
Ao primeiro, chamamos Defesas Limitantes, porque turvam a nossa percepção e o nosso entendimento. Por exemplo, quando nos negamos a escutar, ou nos justificamos ou nos queixamos. Descrevemos algumas destas defesas na seção Ponderar o que dizemos.
Ao segundo tipo chamamos Defesas Agressivas, porque as usamos como armas de ataque. Por exemplo, palavras cortantes, juízos condenatorios. Descrevemos algumas destas defesas na seção Discernir o que dizemos.
De que maneira nos convém proceder em relação a nossas defesas verbais para que não dificultem o nosso desenvolvimento nem deteriorem as nossas relações? Uma forma simples de trabalhar sobre elas é colocá-las em evidência. Ao vê-las tal como são, tornam-se óbvios a sua futilidade e o baixo nível de consciência que elas implicam. Os exercícios de detenção que descrevemos neste trabalho têm esse propósito.
Os exercícios de detenção também podem ser muito valiosos para aprendermos sobre nós mesmos. Se os fizermos não só quando descobrirmos nossas defesas verbais, mas também em outros momentos de nossa vida, poderemos abrir campos
na consciência que temos de nós mesmos e de nossa
circunstância.
Quando detemos o que pensamos, sentimos ou fazemos ocorre em nós algo semelhante ao que acontece quando um veículo com carga se detém subitamente. O que está solto é jogado para frente, o que está preso tenciona os meios que o seguram.
Da mesma maneira, quando nos detemos interiormente, o que está “solto” em nós se projeta em nossa mente como se esta fosse uma tela: pensamentos e sentimentos habituais, associações, recordações, rancores; o que está “assegurado” –ideias feitas, preconceitos– possivelmente fica mais ajustado. Com a prática, e talvez de maneira espontânea, começamos a compreender por que pensamos como pensamos e agimos como o fazemos.
O hábito de observar imparcialmente o que está em nós nos ajuda a compreender por que está em nós. Isto nos impulsiona a ampliar a nossa visão das coisas, a aprofundar a nossa noção de ser e a harmonizar nossas relações.
Para praticar os exercícios descritos neste texto convém fazermos um plano: quais exercícios fazer, durante quanto tempo e com que frequência. Ou ainda, em que oportunidade fazê-los, de acordo com as características de cada exercício.
Além disso, é bom complementarmos esses exercícios de detenção com exercícios de reflexão.
Um exercício de reflexão consiste em tomar distância de nossas reações. Como estas são espontâneas e habituais, normalmente as identificamos com a nossa forma de ser em vez de vê-las como aspectos de conduta que podemos analisar se refletirmos sobre eles.
Por exemplo, em um momento no qual podemos estar em silêncio e tranquilos, repassamos as diversas formas como
Quando detemos o que pensamos, sentimos ou fazemos ocorre em nós algo semelhante ao que acontece quando um veículo com carga se detém subitamente. O que está solto é jogado para frente, o que está preso tenciona os meios que o seguram.
Da mesma maneira, quando nos detemos interiormente, o que está “solto” em nós se projeta em nossa mente como se esta fosse uma tela: pensamentos e sentimentos habituais, associações, recordações, rancores; o que está “assegurado” –ideias feitas, preconceitos– possivelmente fica mais ajustado. Com a prática, e talvez de maneira espontânea, começamos a compreender por que pensamos como pensamos e agimos como o fazemos.
O hábito de observar imparcialmente o que está em nós nos ajuda a compreender por que está em nós. Isto nos impulsiona a ampliar a nossa visão das coisas, a aprofundar a nossa noção de ser e a harmonizar nossas relações.
Para praticar os exercícios descritos neste texto convém fazermos um plano: quais exercícios fazer, durante quanto tempo e com que frequência. Ou ainda, em que oportunidade fazê-los, de acordo com as características de cada exercício.
Além disso, é bom complementarmos esses exercícios de detenção com exercícios de reflexão.
Um exercício de reflexão consiste em tomar distância de nossas reações. Como estas são espontâneas e habituais, normalmente as identificamos com a nossa forma de ser em vez de vê-las como aspectos de conduta que podemos analisar se refletirmos sobre eles.
Por exemplo, em um momento no qual podemos estar em silêncio e tranquilos, repassamos as diversas formas como
reagimos diante dos acontecimentos do dia. Não qualificamos
essas reações; só as observamos e tratamos de descobrir que
motivações às vezes nos impulsionam a reagir de maneira
que fere as pessoas que nos importam –reações que também
nos ferem, talvez sem que percebamos o dano que nos
causamos–.
Outro exemplo consiste em refletir sobre o que experimentamos ao efetuar os exercícios. Da mesma forma que no exercício anterior, escolhemos um momento de silêncio e tranquilidade para repassar o que aconteceu durante nossos exercícios. Observamos as reações interiores que experimentamos e também a forma como reagiram os que nos rodeiam, quando os praticamos. Por exemplo, refletimos sobre o que acontece em nós quando não dizemos algo que temos o impulso de dizer. Também observamos o que acontece com os outros quando lhes oferecemos o espaço criado por nossa moderação ao falar. E tiramos conclusões.
Nos capítulos seguintes se encontram alguns exercícios que podem nos evidenciar as nossas defesas verbais; na ultima parte deste trabalho incluímos algumas pautas que podem nos ajudar a organizar os pensamentos, sintetizar os conceitos, amenizar a conversação e, especialmente, desenvolver empatia e participação com os demais.
Todos os exercícios estão interligados. Cada um deles é um aspecto de um único exercício que poderíamos resumir em uma atitude de liberdade interior e de respeito para com os que nos rodeiam.
Outro exemplo consiste em refletir sobre o que experimentamos ao efetuar os exercícios. Da mesma forma que no exercício anterior, escolhemos um momento de silêncio e tranquilidade para repassar o que aconteceu durante nossos exercícios. Observamos as reações interiores que experimentamos e também a forma como reagiram os que nos rodeiam, quando os praticamos. Por exemplo, refletimos sobre o que acontece em nós quando não dizemos algo que temos o impulso de dizer. Também observamos o que acontece com os outros quando lhes oferecemos o espaço criado por nossa moderação ao falar. E tiramos conclusões.
Nos capítulos seguintes se encontram alguns exercícios que podem nos evidenciar as nossas defesas verbais; na ultima parte deste trabalho incluímos algumas pautas que podem nos ajudar a organizar os pensamentos, sintetizar os conceitos, amenizar a conversação e, especialmente, desenvolver empatia e participação com os demais.
Todos os exercícios estão interligados. Cada um deles é um aspecto de um único exercício que poderíamos resumir em uma atitude de liberdade interior e de respeito para com os que nos rodeiam.
Nenhum comentário:
Postar um comentário