Jorge Waxemberg - do livro "A Crise do Sucesso".
Conferência pronunciada na Universidade do Chile, em 9 de Outubro de 1969.
Vou retirar alguns trechos da conferência, que poderão
nos ajudar a desenvolver o real sentido de "LIBERDADE".
O QUE É SER LIVRE?
...Sempre compreendemos que o exercício da liberdade se
enquadrava dentro de certos limites, mas quando estes se
tornam cada vez mais estreitos, o campo onde essa liberdade
é possível fica tão reduzido que já não se sabe claramente o
que é ser livre.
...Nossa consciência de ser descansa fundamentalmente em
nossa capacidade de fazer. E esse fazer busca projetar-se
em atos concretos objetivos, exteriores.
O conceito que temos das pessoas, dos acontecimentos,
e mesmo dos valores, é marcado pela identificação do
indivíduo com o que faz e, mui frequentemente, com o
que consegue através do que faz. Poucas vezes reparamos
suficientemente na distância que existe entre o que uma
pessoa faz e o que essa pessoa é. No entanto, é inevitável
que o que fazemos leve a chancela do que somos.
Tanto é assim que, embora nossas conquistas seja grandiosas
e notáveis, seus frutos, até o momento, são de dor e destruição.
...É que a liberdade e a plenitude são bens interiores que não
dependem tanto do que recebemos nem das conquistas exteriores
quanto de nossa atitude frente aos bens, frente a cada ser humano
à vida e ao mundo.
Na medida em que deixamos de entender-nos como seres separados,
na medida em que nos expandimos e compreendemos em nosso
interior esse ser humano e esse mundo, nós nos liberamos de uma
noção de ser limitada e parcial e adquirimos uma consciência
expansiva, que vai abarcando os seres e um mundo que se estende
mais e mais.
...Podemos realmente ser livres enquanto existir em nós uma luta
contínua entre o que queremos e o que devemos?
Quando somos interiormente um campo de batalha, como podemos
saber quem somos, o que queremos, o que devemos fazer e quais
são nossas possibilidades?
...Se fomos condicionados a pensar e agir como o fazemos,
não podemos chamar liberdade a capacidade de agir e pensar assim.
E é difícil escapar de tal condicionamento porque quem é levado
pela mão não aprende a caminhar por seus próprios meios.
...Não poderíamos ser condicionados a hábitos de consumo se
não houvesse em nós uma ânsia de possuir e consumir que vai
muito além de nossas necessidades reais. Tampouco poderíamos
queixar-nos de que o sistema pense por nós se não queremos
ou tememos pensar por nós mesmos.
A ânsia de possuir mostra nossa insegurança de hoje, a que nos
move a crescer através das coisas porque não podemos, ou
não sabemos, crescer simplesmente como seres humanos.
...Se amássemos a liberdade teríamos que desprender-nos do
fruto de nossas conquistas, para estarmos livres para alcançar
novos horizontes.
...Quando a liberdade exterior vai se perdendo paulatinamente e,
segundo parece, inevitavelmente, se nos torna necessário,
então, desenvolver nosso ser interior, para não nos
transformarmos em autômatos.
...A liberdade interior que vamos alcançando nos possibilita
o conhecimento do que queremos, do que fazemos e do que
somos. Porque ao ir terminando com nossa identificação com
o que desejamos, com nossas coisas, com nossas conquistas,
com nossos bens, termina também com nossa dependência
interior no que diz respeito a eles mesmos.
...E ISSO É COMEÇAR A SER LIVRE
Posso ter uma pequena observação neste tópico ? Poderia falar que somos escravos voluntários ? pois somos escravos de nossass necessidades, de nossos desejos , de nossas vontades e rotinas. podemos ter como referência " servidão voluntaria" de Platão
ResponderExcluirEduardo, pode e deve, o blog é nosso; aliás muito pertinente sua observação.
ExcluirContribue e expande a idéia de liberdade.
Este comentário foi removido pelo autor.
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