sábado, 2 de março de 2013

O SENTIDO DA LIBERDADE


Jorge Waxemberg - do livro "A Crise do Sucesso".
Conferência pronunciada na Universidade do Chile, em 9 de Outubro de 1969.
Vou retirar alguns trechos da conferência, que poderão 
nos ajudar a desenvolver o real sentido de "LIBERDADE".                                               


                    


               O QUE É SER LIVRE?
               







    ...Sempre compreendemos que o exercício da liberdade se
      enquadrava dentro de certos limites, mas quando estes se 
      tornam cada vez mais estreitos, o campo onde essa liberdade 
      é possível fica tão reduzido que já não se sabe claramente o 
      que é ser livre.



   ...Nossa consciência de ser descansa fundamentalmente em 
      nossa capacidade de fazer. E esse fazer busca projetar-se 
      em atos concretos objetivos, exteriores.
      O conceito que temos das pessoas, dos acontecimentos, 
      e mesmo dos valores, é marcado pela identificação do 
      indivíduo com o que faz e, mui frequentemente, com o 
      que consegue através do que faz. Poucas vezes reparamos 
      suficientemente na distância que existe entre o que uma 
      pessoa faz e o que essa pessoa é. No entanto, é inevitável 
      que o que fazemos leve a chancela do que somos. 
      Tanto é assim que, embora nossas conquistas seja grandiosas 
      e notáveis, seus frutos, até o momento, são de dor e destruição.


   ...É que a liberdade e a plenitude são bens interiores que não 
      dependem tanto do que recebemos nem das conquistas exteriores 
      quanto de nossa atitude frente aos bens, frente a cada ser humano
      à vida e ao mundo.
      Na medida em que deixamos de entender-nos como seres separados,
      na medida em que nos expandimos e compreendemos em nosso 
      interior esse ser humano e esse mundo, nós nos liberamos de uma 
      noção de ser limitada e parcial e adquirimos uma consciência 
      expansiva, que vai abarcando os seres e um mundo que se estende 
      mais e mais.


   ...Podemos realmente ser livres enquanto existir em nós uma luta 
      contínua entre o que queremos e o que devemos? 
      Quando somos interiormente um campo de batalha, como podemos 
      saber quem somos, o que queremos, o que devemos fazer e quais 
      são nossas possibilidades?


   ...Se fomos condicionados a pensar e agir como o fazemos, 
      não podemos chamar liberdade a capacidade de agir e pensar assim. 
      E é difícil escapar de tal condicionamento porque quem é levado 
      pela mão não aprende a caminhar por seus próprios meios.


   ...Não poderíamos ser condicionados a hábitos de consumo se 
      não houvesse em nós uma ânsia de possuir e consumir que vai 
      muito além de nossas necessidades reais. Tampouco poderíamos 
      queixar-nos de que o sistema pense por nós se não queremos 
      ou tememos pensar por nós mesmos.
      A ânsia de possuir mostra nossa insegurança de hoje, a que nos 
      move a crescer através das coisas porque não podemos, ou 
      não sabemos, crescer simplesmente como seres humanos.


   ...Se amássemos a liberdade teríamos que desprender-nos do 
      fruto de nossas conquistas, para estarmos livres para alcançar 
      novos horizontes.


   ...Quando a liberdade exterior vai se perdendo paulatinamente e, 
       segundo parece, inevitavelmente, se nos torna necessário, 
       então, desenvolver nosso ser interior, para não nos 
       transformarmos em autômatos.


        ...A liberdade interior que vamos alcançando nos possibilita 
           o conhecimento do que queremos, do que fazemos e do que 
           somos. Porque ao ir terminando com nossa identificação com     
           o que desejamos, com nossas coisas, com nossas conquistas, 
           com nossos bens, termina também com nossa dependência 
           interior no que diz respeito a eles mesmos.



                                                  ...E ISSO É COMEÇAR A SER LIVRE
   















3 comentários:

  1. Posso ter uma pequena observação neste tópico ? Poderia falar que somos escravos voluntários ? pois somos escravos de nossass necessidades, de nossos desejos , de nossas vontades e rotinas. podemos ter como referência " servidão voluntaria" de Platão

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Eduardo, pode e deve, o blog é nosso; aliás muito pertinente sua observação.
      Contribue e expande a idéia de liberdade.

      Excluir